terça-feira, 19 de outubro de 2010

O inacabamento do ser e o senso de coletividade

A educação com um todo tem o caráter de mobilidade social, independente de seu regime ou sistema. Paulo Freire nos propõe uma nova abordagem educacional, em que usa a teoria em uma luta para a transformação não só educacional em nosso país, porém, de toda uma sociedade. O autor desmistifica a figura do professor absoluto cujo domínio sobre seus aprendizes se baseia na propriedade ilusória do saber como um trunfo a ser usado na disciplina e no controle. A partir da realidade de seus educandos; podemos dizer que o senso de coletividade, torna-se uma sugestão de grande proficuidade para a contemporaneidade.
“Nada, o avanço da ciência e ou da tecnologia, pode legitimar uma “ordem” desordeira. Em que só as minorias do poder esbanjam e gozam enquanto às maiorias em dificuldades até para sobreviver se diz que a realidade é assim mesmo. ”(FREIRE, 1996, P. 101)
O autor se refere ao ego autófilo dos tecnocratas e cientistas antiéticos que impõem uma primeira consciência coletiva do saber absoluto sem medir as conseqüências para as gerações futuras. É preciso ter autoconhecimento para lidar com as mudanças sociais para então inseri-las no contexto do saber histórico verdadeiras.
 A partir do aprofundamento  nos estudos da diversidade cultural dos brasileiros. Baseado nessa complexidade sócio cultural, oriundo de miscigenação das raças que aqui se estabeleceram como pátria adotiva foi que Paulo Freire desenvolveu teorias sobre a necessidade vital do aprendizado contínuo do ser humano para se adaptar às adversidades de uma sociedade cujos costumes se sobrepõem às normas e as leis.
 A história da humanidade foi construída num cenário de dominação das elites.  O homem das classes desfavorecidas, não tinha direito a reclamar, bem como não  havia  a quem recorrer. Sem voz e sem força, o povo oprimido era tratado pela elite brasileira, apenas como trabalhadores braçais, instrumentos para o   fortalecimento do capitalismo.
Havia uma luta desigual, onde as camadas populares eram usadas como massas de manobra, por aqueles que colocavam os interesses individuais acima dos interesses coletivos. A ordem e o desenvolvimento social segundo Paulo, são otimizados, quando haver um fortalecimento da educação, não apenas empírica, mas também a educação da autoconsciência, do autoconhecimento.
“Aqui chegamos ao ponto que talvez devêssemos ter partido. O do inacabamento do ser ou sua inconclusão é próprio da experiência vital.” (FREIRE, 1996, P. 50)
Defender, com toda clareza que o ser humano está permanentemente, moldando sua personalidade independente da fase de sua vida. A vida requer nesse caso um aprendizado contínuo, portanto tão vital quanto o ar que respire.
A tomada de consciência de que somos seres inacabados e que esse inacabamento nos compele a absorver o conhecimento, que transformará nossa realidade e a realidade de nossa comunidade, consequentemente, incluindo o ser coletivo no círculo virtuoso do aprendizado contínuo. É preciso respeitar o educando e suas opiniões e trabalhar para que ele construa suas opiniões em bases sólidas. E ter sempre em mente que mudar sempre é e será possível desde que tenhamos comprometimento.